Há
momentos na vida em que parece que as coisas me passam ao lado. Vivo as coisas,
sou participante delas mas mantenho-me passiva, deixo as coisas fluírem ao
sabor dos ventos e das marés. Sou rocha dura numa praia que enche no Verão de
gente, de vida, de emoções e movimento; fico a observar, participo contribuindo
para o cenário. De repente, e não sabendo como ou porquê o Inverno atinge
aquela minha morada fustiga-me como se fosse castigo. Assisto impávida e serena
e dentro de mim dá-se a revolta de não ter acompanhado aquela boa sensação de
Verão, da ternura dos corpos que se tocavam, dos sorrisos das caras alegres, do
pôr-do-sol alaranjado sob fundo azul esverdeado das águas calmas e quentes de
Verão.
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