Há
momentos na vida em que parece que as coisas me passam ao lado. Vivo as coisas,
sou participante delas mas mantenho-me passiva, deixo as coisas fluírem ao
sabor dos ventos e das marés. Sou rocha dura numa praia que enche no Verão de
gente, de vida, de emoções e movimento; fico a observar, participo contribuindo
para o cenário. De repente, e não sabendo como ou porquê o Inverno atinge
aquela minha morada fustiga-me como se fosse castigo. Assisto impávida e serena
e dentro de mim dá-se a revolta de não ter acompanhado aquela boa sensação de
Verão, da ternura dos corpos que se tocavam, dos sorrisos das caras alegres, do
pôr-do-sol alaranjado sob fundo azul esverdeado das águas calmas e quentes de
Verão.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Qualquer
dia rapto-te, enfio-te numa camisola gigante e fico contigo assim por um tempo
interminável. Mas pensando bem, eu já te raptei e és prisioneiro do meu coração
e do meu amor; e a camisola é todo o carinho, ternura e atenção que eu tenho
para contigo. A nossa camisola já é bem gigante mas vai crescer e
multiplicar-se e vai-se fortalecer. E se rasgar ou romper um pouco, ganhar
borboto ou descolorar, eu e tu com todo o nosso amor, pegaremos nas agulhas que
é a nossa vontade de ficarmos juntos para sempre e na lã que é todo o
sentimento que nos une, e consertaremos a nossa camisola, para que não entre
frio; e assim eu te protegerei e tu a mim.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
1.º Jantar SÓ mães de gémeos e mais
No passado sábado tive a honra, o privilégio e a alegria
imensa de estar mais em pé que sentada…mas na companhia de 72 mulheres, mães de
gémeos.
E o que nos une?
Une-nos uma irmandade, que não foi criada, foi-se gerando em
nós, foi ganhando a forma das coisas belas e o contorno das peças lindas. Teve
uma artista Marta e uma ajudante Salomé…nomes bíblicos e fortes e que assentam ás
guerreiras que são.
O que nos levou a isto?
Levou-nos a determinação, a vontade e o desejo de estarmos
juntas…associarmos um rosto a um nome; partilharmos experiências e vivências,
tristezas e alegrias…o querermos também estar SÓ nós e entre nós…e connosco
próprias…somos sempre a esposa de…ou a ex de…ou a mãe de…ou a filha de…a nora
de…raramente somos NÓS em nome próprio…e também merecemos…e merecemos mimos e
brindes…e merecemos vestir brilhos e calçar saltos, sem estarem sujas 30
segundos depois…e ir ao Casino e beber um cocktail…sim também merecemos e virar
cabeças…claro que sim, faz tão bem ao ego!
Não temos mais nada que fazer?
Ter até tínhamos…mas não era a mesma coisa.
E os filhos?
Os filhos também devem passar tempo a sós com os pais, nem
que seja para que estes vejam, que afinal não é assim tão fácil!
E a crise?
A crise resolve-se com a ajuda mutua e com aviso de 1 mês e
meio de antecedência dá para ir poupando para o tão esperado momento.
E…?
E? E mais nada…CONSEGUIMOS…fechamos um restaurante, rimos e
rimos, e demos de nós e recebemos e retribuímos…e tomamos de assalto o Casino
Lisboa…e marchamos, ainda que com uma marcha que não foi cantada, já não havia
vozes…porque mesmo roucas e constipadas e com estradas cortadas e do Algarve
mais a sul, a Cantanhede mais a norte, a
Torres Vedras mais a Oeste, a Tomar mais a Este, Leiria, Rio Maior, Santarém,
Alenquer, Cartaxo, Setúbal, Sobral Monte Agraço, Linha de Sintra, Linha
Cascais, Almada, Caparica, Montijo, área metropolitana de Lisboa…totalizamos
72.
Destes lados do país temos certeza que as outras mais de 700
que compõem o grupo, aqui e nos 4 cantos do mundo…mulheres, mães de gémeos e
mais…NÓS fomos uma FORÇA naquela noite…seremos cada vez mais UNAS e sem dúvida
alguma que ÚNICAS…neste AMOR IMENSO que nos liga.
Mais uma vez obrigada…as palavras foram escassas naquela
noite para vos agradecer…um especial obrigada á Susana Bogarim Coelho, á Carla
Gomes e á Sofia Tavares que em ajudaram nos mimos…ás madrinhas que participaram
nas prendas sorteadas; á Magda e á Rita pelas bolachas…ao restaurante e á sua
equipa, á sócia-gerente do casino por ter aguentado um espaço tão grande
reservado tanto tempo à nossa espera… e até á pasteleira que confeccionou o
bolo que não vale a pena falar mais que esse enganou a escrever gémeos,
escrevendo “gêmios”…
Lindas as flores que me ofereceram…comoventes as palavras
que me dedicaram. ADORO-VOS. Até ao pic-nic na praia….
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Estou
sentada aqui.
Estou
a sentir-me perdida...
Neste
momento não consigo continuar, só me apetece chorar. Há dentro de mim uma
solidão que não quero ter, que não quero sentir e que não entendo porque a
tenho. Nada me faz rir, mas rir á gargalhada, só sorrir levemente, de forma
amarelada, sociável; porque todos querem que eu sorria. Mas falta-me a vontade,
sinto-me esmorecida como uma árvore de Outono que sente cair a sua folha e nada
pode fazer, que se lembra com saudades da bonita flor e do saboroso fruto que
já deu e vê atormentada o futuro despido, nu, vazio do seu ser – assim me sinto
eu.
Cheiraram
minha flor, colheram meu fruto, ainda aproveitam minhas folhas secas para fazer
bonitos quadros e irão cortar meus troncos para se aquecerem. Porque de mim só
tiram, só esperam, só desejam, só agridem, só exigem e pouco ou nada dão,
convencidos de que é o suficiente, de que eu sou alegre, divertida, airosa,
simpática e que nada me faz falta e que eu me contento com pouco!
Pois
agora exijo e demando aos outros, pois vou fechar minha flor, secar meu fruto,
guardar minhas folhas, arrancar minhas raízes e mudá-las para longe.
domingo, 20 de janeiro de 2013
Uivos
Algo
se passa naqueles uivos provocados pelo vento lá fora, algo se passa, mas estes
vidros duplos não deixam entrar. Encerram aqui mentes vãs e divagantes no
momento que pede concentração. Ouve-se o eco de um alentejano que fala como um
papagaio; devia haver crime por plágio verbal, se o houvesse ele seria
condenado de tanto repetir o que vem nos livros. Incoerente e incerto recorre
constantemente a palavras e ideias de outrém para nos transmitir o que pensa,
pelo meio mostra-nos que sabe de português dizendo uma ou duas palavras com
mais de oito caracteres. Só que o conhecimento parece ser tanto ou tão pouco
que se atropela nesta comunicação que tenta exercer connosco, e diz erros
crassos impróprios de alguém neste estado.
Assim
está a educação nos nossos dias...os presentes estão cada vez mais ausentes e
os ausentes cada vez mais notórios. E este diálogo (perdão monólogo) continua.
Eu penso o que lhe passará pela cabeça nesta altura, será que nos vê assim tão
interessados!? Como podemos estar, se estamos perante uma senhora bibliotecária
que nos indica a melhor obra a ler sobre este ou aquele assunto!
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Alma vã
Alma
vã...nada me corre em sentido normal, são voltas e mais voltas que a minha
cabeça dá. Há remoinhos de ideias que planam nesta imensidão inerte, que
conduzem as poucas ideias que nela navegam para um abismo de insoluções. Quero
que discorras algo e não me deixas, fechas a tua parte calma, de águas
luzentes, de margens verdejantes. Deixas o meu bote à deriva, assustado e
incrédulo. Quero levá-lo a bom porto, quero dar-lhe um rumo seguro, crias
arrepios inconstantes no teu leito e não o deixas prosseguir. Dás-me calma
quando eu não espero, fico ansiosa e faço tudo à pressa, com vontade de te
vencer um pouco, de conseguir impor em ti algo de mim. Mas, tu conduzes tão bem
essa corrente que já és dona do meu leme, conquistaste-o e eu deixei; fiquei
paralisada enquanto as tuas mãos enormes e medonhas o agarraram firmemente.
Tanta
gente navega nessa tua corrente, vejo navios, vejo cargueiros, traineiras e até
canoas, mas para mim reservaste a tua parte mais secreta do leito.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
O Recomeço
Quando confrontados com o término de algo ficamos sempre com uma certa azia. Seja o fim de um dia memorável, das férias, de um relacionamento...de uma vida.
Quando confrontados com a ideia de finitude, o nosso sensor de dor dispara e acho que emite estado de alerta geral...o que fazemos com esse alerta depende da força de cada um, da vontade de o afagar, suprimir e terminar de vez.
Quando confrontados com a ideia do fim, pensamos mais nos outros que em nós, porque em nós há uma aceitação inata para o fim; os outros é que não estão preparados para que findemos...
Quando confrontados...devemos virar-nos de frente e confrontarmos nós o fim dando-lhe um novo inicio...
Quando confrontados com a ideia de finitude, o nosso sensor de dor dispara e acho que emite estado de alerta geral...o que fazemos com esse alerta depende da força de cada um, da vontade de o afagar, suprimir e terminar de vez.
Quando confrontados com a ideia do fim, pensamos mais nos outros que em nós, porque em nós há uma aceitação inata para o fim; os outros é que não estão preparados para que findemos...
Quando confrontados...devemos virar-nos de frente e confrontarmos nós o fim dando-lhe um novo inicio...
O Olhar
A
vida...cheia de encontros, desencontros, pessoas que se cruzam, que se olham
mutuamente como quem não quer nada mas quer tudo nesse olhar e dá tudo de si
pelo brilho que dele brota. Esse brilho transmite a essência, a luz, a
verdadeira alma. O olhar penetra como uma seta, que rasga o vento que vai
separando todas as partículas e atinge-nos trazendo consigo toda a energia,
toda a imensidão do mundo, da vida do outro que olha para ti! Quero que
penetres no meu olhar como uma seta disparada por Robin dos Bosques. Quero que
no meu alvo venhas matar tua sede de amar. Quero que percorras cada rodela do
alvo como uma aventura, etapa para atingires o centro. Uma vez lá encontrarás o
Amor, encontrar-me-ás á tua espera, sequiosa de ti com vontade de mais, de
conhecer, atingir, saborear desse doce que me queiras dar...
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
* Atelier Ao Meu Gosto *: [ Bolsa Porta-Moedas II #73 ]
* Atelier Ao Meu Gosto *: [ Bolsa Porta-Moedas II #73 ]: Bolsa Porta-Moedas, modelo II, #73 Dimensões: 8 cm no fecho; 10 cm de comprimento por 4 cm de largura no fundo; 9 cm d...
Ela ADOROU....ficou encantada com os pormenores TODOS.
Ela ADOROU....ficou encantada com os pormenores TODOS.
Lua
Lua
que me iluminas, que me segues, persegues no caminho de casa. Enquanto os
saltos na calçada fazem ruídos estrondosos, enquanto os gatos nos telhados
fazem sons melodiosos, enquanto os candeeiros piscam a sua luz sombria; só a
tua luz lua me desperta a atenção! A cor vibrante como que a chamar por mim, o
meu coração pula, a pulsação aumenta, o sangue percorre velozmente as minhas
veias, os olhos brilham, abrem-se cada vez mais, minha boca seca, nasce em mim
um desejo que não entendo. Que fascínio é este, que provocas tu em mim? Que
desejas tu, que me levas á loucura! Rasgo a roupa, corro nua na calçada, tua
luz lua ilumina meu corpo, entro em casa...procuro-te; danço como num ritual iniciático.
Que é isto que me provoca...o meu corpo é um tambor...a cama uma fogueira...tua
luz me incendeia...faz-me suar...delirar...mas...és tu na minha cama...teu
sorriso me acalma, tuas mãos me confortam...lua...lua...que me iluminas, que me
incendeias...
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
A Loucura
A
loucura que extravasa os meus poros torna-se cada vez mais incontrolável. Flui
como lava vulcânica destruindo tudo á sua passagem. Tem pressa de chegar a
algum lado e ainda não sabe bem onde, nem como, nem porquê! É isso a Loucura, é
cega de escrúpulos, repleta de orgulho, anestesiada pela ambição. Quer cada vez
mais, usa palas nas laterais, ataca sempre pelo centro, carrega em si uma
bagagem completa, a abarrotar de vontades, sonhos, barreiras que quer transpor,
metas que quer cumprir, tudo, tudo, ela quer tudo. E , porque não? É a Loucura,
deixem-na passar, abram alas, formem corredores, desempeçam as estradas:
senhoras e senhores: a Loucura está a passar! Reparem, magnífica, cabelos ao
vento, olhar destemido, nariz esfíngico, boca desenhada á mão pelo próprio
criador, queixo frontal; deixa no ar um perfume marcante, inesquecível, apetece
deixar tudo e segui-la. É a Loucura! É essa dose diária, mensal, anual, que
nos dá energia, que nos transmite confiança, que nos faz ter amor próprio:
acima de tudo acreditar em nós e nos outros. Que nos faz olhar em frente e
pensar: eu vencerei, atingirei os meus objectivos, porque a Loucura está em
mim, eu vi-a passar hoje e inalei um pouco do seu perfume. A dose suficiente
para saber que posso ir mais além.
Senhoras
e senhores: deixem a Loucura passar!
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
A Sombra
Sinto
que tremo a cada momento. Sinto-me a ir abaixo de uma forma assustadora, sinto
que já me custa olhar em frente, erguer o queixo, deixar que o meu nariz apanhe
um raio de luz e que o meu olhar capte o brilho do sol, e tudo isso em uníssono
me faça sorrir.
Cada vez
mais se abate sobre mim uma sombra pior que uma nuvem em dia solarengo que me
faz baixar a cabeça, olhar a calçada e cerrar o meu sorriso. O meu rosto começa
a transparecer o meu cerne, já não consigo mais disfarçar. Sou como o zangão,
cheio, a esvoaçar, á procura de uma rainha-mãe para acasalar; só que quando o
faz morre automaticamente – eu não tive essa sorte. A minha morte está a ser
lenta, demoro uma eternidade a chegar ao solo. Enquanto caio em câmara lenta, a
minha vida vai passando á minha frente, cada fracção de segundo leva horas a
passar. No solo preparam para mim o sepulcro, com leito de pétalas de rosas e
espinhos das respectivas (pois nem sempre cumpri as regras!?). O seu odor vai
chegando aos poucos ao meu nariz e embora inerte, o meu olfacto mantém-se vivo
e fornece á minha alma doçura de um perfume que me faz lembrar a primeira vez
que me sorriste, quando tocaste nos meus lábios ao de leve, timidamente,
receoso de mim. Nem imaginas o quanto eu queria aquele beijo e de que o medo, o
calafrio que se sente na altura é como uma inocência a quebrar, é tão
maravilhoso como o pôr-do-sol numa praia qualquer; sentes que é nesse momento
em que a água parece estar a ser beijada pelo sol, que é nos nossos lábios que
toda aquela emoção se transfigura...e tu fechas-te os olhos e eu fecho agora os meus.
domingo, 13 de janeiro de 2013
A Dança
Quero
navegar nesse mar que é o teu corpo. Quero içar a âncora, soltar as velas e
deixar que o vento nos guie para o mais belo dos cenários: o Paraíso! Sabes
como se alcança esse estado paradisíaco? É como uma dança, uma dança
ritualizada; o ritual tem troca de sensações entre dois corpos diferentes,
distintos, singulares, que num dado momento se tornam unos, únicos e fazem com
que se dê dentro de nós uma explosão de sensações indescritíveis. É impossível
transcrever para o papel aquilo que se sente, é tanta coisa que se pode
comparar ás coisas mais inexplicáveis e mais fenomenais que existem; é como se
um vulcão explodisse de repente, estando há muito tempo adormecido. Como se um
furacão surgisse do nada e levasse tudo á sua frente. É algo que nos abala,
arrebata, esgota, e que quando acaba é bom ficar a saborear continuando a
balançar, ganhando ritmo para uma nova dança. Vem dançar comigo!
sábado, 12 de janeiro de 2013
Âmago
O
que é isto que parece pairar sobre mim, esta névoa que não me abandona nunca;
procuro sem parar um raio de sol que penetre por esta neblina e quebre como que
por magia este feitiço macabro que me faz sentir assim.
O
que é isto que me atinge bem no fundo, de onde veio esta seta repleta de angústia
e sensação de abandono, quem a disparou, quem me atingiu!? Sinto na minha boca
o seu âmago que não se dissipou com o vento, desce pela minha garganta como um
pó, e vai cortando até ao meu coração onde se alojou.
Está
a escavar um buraco tão fundo que já faz eco se se gritar lá para dentro. É um
bicho inteligente, pois faz-me sofrer mas não deixa que se veja por fora. À medida
que me consome as minhas forças esgotam-se, já não consigo lutar contra ele,
falta-me a energia.
Á
noite penetra-me ainda mais, o silêncio parece alimentá-lo, incentivá-lo.
Ergue-me da cama, cola-me ao tecto vezes sem conta, rasga-me a roupa, solta-me
o cabelo, esfola-me a pele e perfura-a só com um breve suspiro. Eu flutuo no ar
sem saber como, os meus olhos abrem-se, enchem-se de sangue, gotas saem pela
minha boca e ele sorve-as como um vampiro que não me larga, que me quer para
sua noiva.
Eu
não o vejo, não vejo o seu âmago que se apoderou de mim; mas ele é omnipresente,
está em todos os gestos, passos que dou, naquilo que digo e para onde olho!
Parece querer brotar de mim, mas ainda não é tempo; é um bicho sórdido e
mordaz, comer-me-á até as vísceras. Nada irá restar de mim só o que os reais
vêem porque esta realidade que me atingiu é fictícia para os outros, o que eles
vêem é a crosta, a carapaça...que será a última coisa que ele atacará.
É
meticuloso, calculista, organizado e não deixa nada ao acaso, não me deixa
desabafar, fala por mim quando eu quero revelar a verdade, é o meu ventríloquo;
por isso escrevo rápido torcendo para que o sono que o acalmou o deixe ocupado
por algum tempo.
Onde
está a luz? Onde está o Paraíso prometido, de quem são as vozes que ouço, que
me dizem elas? Vem cá...Vou aonde se nem sei onde estou. Que lugar é este, que
significa esta escuridão, que me proíbe o pensamento e dá largas aos meus medos
e aos meus receios. É isto o Céu, o Inferno, o Purgatório?! O que me chama, o
quê; aquela voz, eu conheço aquela voz, volta, vem cá, porque foges de mim,
porque me mandas embora...não é lugar para mim...então onde pertenço eu? O que
é isto que me puxa para baixo, para si, a reclamar comigo como se eu tivesse
abandonado a base. Que vale é este onde me encontro, que luz aquela lá no alto
que fere a minha vista só de olhar, porque não me larga este bicho, o que me
consome, que tenho eu de tão apelativo.
Quero
que me deixes! Larga-me! Deixa-me subir àquele monte, deixa-me alcançar aquela
luz, é neve! Parece neve, deixa que eu mate a minha sede com a neve, talvez a
magia do seu branco puro te mate! Agora já me persegues a cada instante…
Qual
morte anunciada...
Qual
caveira vestida de negro...
Tu
és a escuridão perpétua.
Deste
um murro ao sol, enviaste-o para outra galáxia e vieste para ficar.
Dalila Garrido - 1994 - um dos meus primeiros textos
Assim me apresento...
Nasci no Inverno rigoroso transmontano, com 1.900kg de peso...à nascença foi-me sentenciada a morte; pelo que me baptizaram com dias, afim de me poderem enterrar. Prenuncio ou não, a morte sempre me rondou a vida, condicionou movimentos, mas nunca me impediu de concretizar NADA. Foi-me dito, que iria morrer com dias e aqui estou aos 34 anos...disseram-me que seria complicado viver mais de 10 anos só com um pulmão e aqui estou, 20 anos depois de me retirarem o pulmão direito..disseram-me que não poderia ser mãe, por insuficiência respiratória, e cá estamos com 3 filhos, 2 deles gémeos. Sou Arqueóloga de profissão, mas acho que esteve sempre em mim..."arqueologar" a minha vida. Serão pensamentos soltos, passagens, emoções e testemunhos que partilharei convosco...quem sabe um salto para algo mais.
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