Sinto
que tremo a cada momento. Sinto-me a ir abaixo de uma forma assustadora, sinto
que já me custa olhar em frente, erguer o queixo, deixar que o meu nariz apanhe
um raio de luz e que o meu olhar capte o brilho do sol, e tudo isso em uníssono
me faça sorrir.
Cada vez
mais se abate sobre mim uma sombra pior que uma nuvem em dia solarengo que me
faz baixar a cabeça, olhar a calçada e cerrar o meu sorriso. O meu rosto começa
a transparecer o meu cerne, já não consigo mais disfarçar. Sou como o zangão,
cheio, a esvoaçar, á procura de uma rainha-mãe para acasalar; só que quando o
faz morre automaticamente – eu não tive essa sorte. A minha morte está a ser
lenta, demoro uma eternidade a chegar ao solo. Enquanto caio em câmara lenta, a
minha vida vai passando á minha frente, cada fracção de segundo leva horas a
passar. No solo preparam para mim o sepulcro, com leito de pétalas de rosas e
espinhos das respectivas (pois nem sempre cumpri as regras!?). O seu odor vai
chegando aos poucos ao meu nariz e embora inerte, o meu olfacto mantém-se vivo
e fornece á minha alma doçura de um perfume que me faz lembrar a primeira vez
que me sorriste, quando tocaste nos meus lábios ao de leve, timidamente,
receoso de mim. Nem imaginas o quanto eu queria aquele beijo e de que o medo, o
calafrio que se sente na altura é como uma inocência a quebrar, é tão
maravilhoso como o pôr-do-sol numa praia qualquer; sentes que é nesse momento
em que a água parece estar a ser beijada pelo sol, que é nos nossos lábios que
toda aquela emoção se transfigura...e tu fechas-te os olhos e eu fecho agora os meus.
Adoro Dalila... continua...
ResponderEliminarBeijos
Rita
http://eraumavezomeusonho.blogspot.pt
Obrigada Rita...
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