sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Alma vã


Alma vã...nada me corre em sentido normal, são voltas e mais voltas que a minha cabeça dá. Há remoinhos de ideias que planam nesta imensidão inerte, que conduzem as poucas ideias que nela navegam para um abismo de insoluções. Quero que discorras algo e não me deixas, fechas a tua parte calma, de águas luzentes, de margens verdejantes. Deixas o meu bote à deriva, assustado e incrédulo. Quero levá-lo a bom porto, quero dar-lhe um rumo seguro, crias arrepios inconstantes no teu leito e não o deixas prosseguir. Dás-me calma quando eu não espero, fico ansiosa e faço tudo à pressa, com vontade de te vencer um pouco, de conseguir impor em ti algo de mim. Mas, tu conduzes tão bem essa corrente que já és dona do meu leme, conquistaste-o e eu deixei; fiquei paralisada enquanto as tuas mãos enormes e medonhas o agarraram firmemente.

Tanta gente navega nessa tua corrente, vejo navios, vejo cargueiros, traineiras e até canoas, mas para mim reservaste a tua parte mais secreta do leito.

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